Um raio-x da Educação mundial

Em 2000, 164 países se reuniram em um Fórum Mundial de Educação no Senegal e estabeleceram metas para mudar o cenário mundial da Educação, a partir de uma agenda comum de políticas de Educação e com seis objetivos a serem alcançados. Chegou a hora do veredito. Nesta quinta-feira, dia 9, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou o Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2000-2015: Progressos e Desafios.

De acordo com os dados apresentados, a Educação progrediu muito desde 2000. De lá para cá, 84 milhões de crianças e adolescentes (a mais) estão nas escolas. Já na educação pré-primária* houve um aumento de dois terços de matrículas. "Temos muito a comemorar. Mas apesar desses avanços, apenas um terço dos países alcançaram todos os objetivos mensuráveis do EPT (Educação para Todos)", afirmou Nihan Blanchy-Koseleci, da equipe do Relatório de Monitoramento Global, da Unesco Paris. Isso significa que apenas um, a cada três países, atingiu as metas mensuráveis. Cuba foi o único na América Latina que alcançou todas as seis metas estabelecidas.

Nesse balanço, feito por uma equipe independente sediada na Unesco em Paris, o Brasil evidenciou problemas no ensino. Entre os seis compromissos firmados, nosso país teria cumprido apenas dois: a garantia da Educação primária* universal e a paridade e igualdade de gênero. Análise que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) questiona.

"Ainda temos muito por fazer. Mas fizemos muito e, no último ano, de forma acelerada", diz José Francisco Soares, presidente do Inep, ao apresentar a versão brasileira do relatório Educação Para Todos. De acordo com Soares, o cenário do ensino no Brasil avançou em todos os aspectos.

Desempenho do Brasil a partir da análise do Inep

No que diz respeito a Educação e cuidados na primeira infância, ele se baseia nos indicadores que a própria Unesco utilizou: o de mortalidade infantil e o de frequência escolar. "Como todos sabem, a taxa de mortalidade caiu", diz. Para mensurar a Educação da primeira infância, ele traz informações referentes ao número de creches - que subiu de 13 mil para 35 mil, no período analisado, e dados sobre matrículas neste mesmo tipo de instituição. De acordo com o Inep, no ano de 2000 haviam 916.864 crianças matriculadas nas creches e em 2013, esse número saltou para 2.730.119. "O texto dessa meta fala em expandir. O compromisso que o Brasil assumiu em Dakar é o compromisso escrito nos termos daquela declaração. O dado é claro. E porque dizem que não cumprimos? O fato de aceitarmos que temos que melhorar não significa que não caminhamos e que não cumprimos o que acertamos", diz Soares.

A visão favorável no quadro brasileiro, sob o prisma do Inep, também se estende para a questão do analfabetismo. Entre pessoas de 15 a 19 anos, há 1% de analfabetos. "Nós fechamos a torneira do analfabetismo, o Brasil não está produzindo analfabetos", diz. Porém, o presidente reconhece que na faixa das pessoas com 60 anos de idade, a realidade brasileira é outra. Soares também destaca o aumento no número de matrículas de jovens nos cursos de Educação profissional e tecnológica e no crescimento nos últimos anos do investimento em Educação. "Dizer que o Brasil não alcançou a meta é uma visão muito estreita da realidade", acredita Soares.

[blox_row][blox_column width="1/1"][blox_accordion][blox_accordion_item title="Objetivo 1: Educação e cuidados na primeira infância"][blox_text animation="none"]

Meta: Expandir e melhorar a Educação e cuidados na primeira infância, principalmente para as crianças mais vulneráveis e em situação desfavorável.

Resultado: As taxas de mortalidade infantil diminuíram em 50% e embora a nutrição tenha melhorado, uma em cada quatro crianças no mundo, tem estatura abaixo da média estabelecida para a idade.

[/blox_text][/blox_accordion_item][blox_accordion_item title="Objetivo 2: Educação primária universal"][blox_text animation="none"]

Meta: Garantir que, até 2015, todas as crianças, principalmente meninas, crianças em circunstâncias difíceis e as pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a uma Educação primária* completa, gratuita, obrigatória e de boa qualidade.

Resultado: Com base nos dados relativos de 1990 a 2012, estima-se que até a data limite de 2015, uma em cada seis crianças de países de renda média e baixa não terá concluído a Educação primária.

[/blox_text][/blox_accordion_item][blox_accordion_item title="Objetivo 3: Habilitades para jovens e adultos"][blox_text animation="none"]

Meta: Garantir que as necessidades de aprendizagem e de todos os jovens e adultos sejam alcançadas por meio do acesso equitativo a uma aprendizagem adequada e a programas de habilidades para a vida.

Resultado: A taxa bruta de matrícula no primeiro nível de ensino secundário* cresceu de 71%, em 1999, para 85%, em 2012. Porém, persistem desigualdades na transição da Educação primária* para a secundária*. Apenas 1 em casa 3 adolescentes terminam o primeiro nível da Educação secundária* em países de baixa renda.

[/blox_text][/blox_accordion_item][blox_accordion_item title="Objetivo 4: Alfabetização de adultos"][blox_text animation="none"]

Meta: Alcançar, até 2015, aumento de 50% no nível de alfabetização de adultos, principalmente entre mulheres, e o acesso igualitário à Educação básica e continuada para todos os adultos.

Resultado: Dos 73 países cuja taxa de alfabetização era menor do que 95%, apenas 17 alcançarão a meta.

[/blox_text][/blox_accordion_item][blox_accordion_item title="Objetivo 5: Paridade e igualdade de gênero"][blox_text animation="none"]

Meta: Eliminar as disparidades de gênero na Educação primária* e secundária* até 2015 e alcançar a igualdade de gênero na Educação até 2015, com foco em garantir o acesso completo e equitativo de meninas a uma Educação básica e de boa qualidade.

Resultado: As meninas mais pobres continuam a ter a maior probabilidade de nunca frequentar a escola.

[/blox_text][/blox_accordion_item][blox_accordion_item title="Objetivo 6: Qualidade da educação"][blox_text animation="none"]

Meta: Melhorar todos os aspectos da qualidade da Educação e garantir excelência para que resultados de aprendizagem mensuráveis e reconhecidos sejam alcançados por todos, principalmente em alfabetização, conhecimentos básicos em matemática e habilidades essenciais para a vida.

Resultado: Professores qualificados continuam em falta no mercado.

[/blox_text][/blox_accordion_item][/blox_accordion][blox_text title="Agenda pós-2015" animation="none"]

Novas metas já estão sendo discutidas e definidas desde o maio do ano passado, quando foi elaborado o Acordo de Mascate. O documento estabelece um objetivo e metas para a agenda da Educação pós-2015, que deverão ser levadas para o Fórum Mundial de Educação, que ocorrerá em maio na Coreia do Sul.

Algumas das metas são as mesmas, como os cuidados na primeira infância, e outras são novas - caso da meta de financiamento. "Isso fez muita falta, porque para você alcançar as outras metas, o financiamento é fundamental", disse Maria Rebeca Otero Gomes, coordenadora do setor de Educação da Unesco Brasil, em seminário promovido pela Ação Educativa em 1º de abril. Atualmente, há um déficit de 129 bilhões de dólares na Educação mundial.

[/blox_text][blox_text title="Os termos lá e cá" animation="none"]

Bom deixar claro que a Unesco adotou a Classificação Internacional de Educação (Internacional Standard Classification of Education - ISCED) ao se referir aos níveis educacionais.

Confira como a ISCED denomina cada um deles e os seus equivalentes no Brasil.

Denominação da ISCED Determinação da ISCED Equivalência no Brasil
Educação pré-primária Criada para inserir as crianças na
escola com idade mínima de 3 anos
Educação Infantil
Faixa etária de 0 a 5 anos
Educação primária Educação básica sólida em
leitura, escrita e matemática
Ensino Fundamental I
Do 1º ao 5º ano
Ensino secundário Equivale a duas etapas:
1) Primeiro nível
2) Segundo nível
Engloba duas etapas:
1) Ensino fundamental II
2) Ensino médio

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