Por que as empresas guardam suas estratégias de Inteligência Artificial trancadas a sete chaves?

Em seu texto, publicado na revista MIT technology review (04/02/2022), o publicitário Fernando Teixeira fundamenta sua explicação sobre o porquê de as empresas guardarem as estratégias de inteligência artificial (IA) a sete chaves com a origem essa expressão que surgiu na antiguidade do reino português, onde tesouros eram guardados em baús de madeira por muitas fechaduras trancadas.

Assim, Teixeira expressa que, para ele, essa confidencialidade seja de tesouros ou de estratégias causa um grande estranhamento para ele. Segundo o autor, a criatividade é premiada em eventos e prêmios pelo mundo, enquanto as apresentações de credenciais das agências contam tudo isso com detalhes. Dos influenciadores até a assessoria de imprensa, todos jogam a favor da exposição máxima das criações e de seus criadores.

No entanto, o publicitário logo expõe a dificuldade que é enfrentada quando, profissionais como ele, migram para trabalhos que envolvem IA pois cada vez mais, menos as empresas querem contar suas histórias. Sendo assim, ele conversou com diversas pessoas da área, e listou três principais motivos.

1. Reputação de marca

 Para Teixeira, os projetos de IA, muitas vezes, tocam em aspectos delicados da vida em sociedade e, se não forem feitos com cuidado, podem representar um risco para a imagem das empresas. O publicitário aponta o Twitter, como exemplo, que sofreu quando descobriram que seu algoritmo de corte de imagem priorizava pessoas brancas. A empresa teve de se desculpar publicamente e corrigir o problema.

“Em um mundo onde o imaginário coletivo foi criado com robôs sendo vilões nos filmes de ação, uma série de estereótipos negativos está à espera para “colar” em iniciativas malsucedidas em qualquer tipo de empresa. ”

  Assim, Teixeira contrapõe a linha de raciocínio de que não inovar seria um bom redutor de riscos, o autor alerta para a rapidez do mundo atual e a extrema necessidade de inovações. Ainda, sugere que o segredo, para não cometer esses erros arcaicos, mora nos princípios éticos e no estimulo a diversidade desde o início: da contratação de pessoas até a natureza dos dados.

2. Revelar segredos ao fraudador

  O autor relata que, ao conversar com Bruna Smith, Gerente Sênior de Marketing na H2O.ai, ouviu que muitos clientes não querem revelar seu uso de IA na redução de fraudes, justamente para evitar dar informações aos fraudadores.

  Teixeira rebate ao citar um caso de motoristas fraudulentos que não utilizaram de nenhuma tecnologia avançada, ou seja, não eram hackers profissionais e mesmo assim fizeram uma fraude. E assim, ele finaliza explicitando como esse problema foi solucionado: ” foi uma experiência gráfica diferenciada para os fraudadores: enquanto estes acreditavam que estavam fraudando, eram na verdade atendidos por motoristas-robôs, criados artificialmente pela empresa. ”

3. Segredo industrial

 Utilizando o exemplo de um registro de patente ou de propriedade intelectual, o publicitário cita a fórmula da Coca-Cola como um diferencial competitivo que dá vantagem à sua empresa criadora. “O mundo industrial está acostumado a proteger seus segredos a sete chaves. O mundo digital talvez não esteja. ”

  Assim ele expõe que, quando uma empresa cria um algoritmo que reconhece previamente quem vai comprar um produto ou que prevê quanto um consumidor vai gastar com ela com o tempo, ela está um passo à frente da concorrência. E continua, ao comparar a criação dessa empresa com uma bola de cristal a respeito dos seus consumidores e que fará o possível para que seus concorrentes nunca tenham acesso a essa fórmula. A tal “sabedoria superior” das sete chaves, neste caso, posiciona empresas que usam IA na frente das outras, prevendo desde comportamentos de clientes até resultados de negócio.

  Para finalizar, o autor afirmou que o medo de informações vazadas deve ser real, mas que não deve limitar a empresa a inovar. Dessa forma ele, sugeriu que comece com uma visão do seu negócio (empresa, área ou departamento).

Em seu livro, Liderando Mudanças, John P. Kotter define visão como uma “fotografia do futuro com algum comentário implícito ou explícito sobre por que as pessoas devem se esforçar para criar esse futuro”.

A partir da visão, eu sugiro o exercício constante de encontrar a intersecção entre:

 1) O que as pessoas gostam e querem fazer cada vez mais (se especializar);

2) O que é bom para os clientes da empresa, seja a experiência do consumidor ou as metas do cliente B2B;

 3) O que é bom para a empresa onde você trabalha e o que colabora para o seu crescimento. ”

Por fim, Teixeira aponta que quando estes três tópicos se encontram e o resultado é bom para o planeta e a sociedade, as pessoas se unem, as equipes abraçam a visão e se desenvolvem de forma imbatível, blindando a sete chaves suas iniciativas de crescimento sustentável, usando dados e IA.

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